Morte
O historiador e ex-deputado do PS César de Oliveira faleceu no dia 15, no Hospital Pulido Valente, em Lisboa. Destacado militante da ala esquerda do PS, historiador brilhante, homem generoso e com um enorme gosto pela vida, César de Oliveira foi desde sempre um incansável lutador pelo projecto socialista sem cedências aos modismos liberais e pós-modernistas.
Homem de fortes convicções, César de Oliveira considerava-se «um revolucionário», não no sentido da conquista do poder popular, mas por continuar «a exigir a utopia, para construir um mundo melhor, onde todos os homens participem e construam a sua própria história».
Militando desde sempre de uma forma apaixonada do lado esquerdo da vida, César de Oliveira despertou para a política, tal como muitos outros da sua geração, em 1958, com a campanha presidencial de Humberto Delgado.
Desde há 40 anos a sua vida repartiu-se por duas causas: o socialismo e a história.
Para o socialismo contribuiu com o seu permanente empenhamento político que o leva a militar na UEDS liderada por Lopes Cardoso e no PS.
Do seu percurso destaque para a sua passagem pelo Parlamento como deputado do PS eleito pelo círculo de Faro entre 1980 e 1985.
Na Assembleia da República, é lembrado pela qualidade das suas intervenções e pelo seu pensamento crítico e atento.
Em 1990 um novo desafio surge: o poder local. Conquista a Câmara de Oliveira do Hospital, sua terra natal. Faz um notável trabalho como autarca e em 1994 abandona a presidência da autarquia, depois de ter obtido uma confortável maioria.
A história foi a segunda paixão. Quatro temas foram eleitos: o movimento operário, o Estado Novo, a guerra civil espanhola e as relações entre Portugal e Espanha.
Sobre estes temas é autor de numerosas obras já consideradas imprescindíveis.
César de Oliveira foi a enterrar no dia 16. No último adeus ao combatente do socialismo, milhares de amigos de vários sectores da sociedade portuguesa estiveram presentes no último adeus a um homem generoso que tinha um sonho: uma sociedade onde os valores da igualdade, fraternidade e solidariedade fossem dominantes, para que «os homens participem e construam a sua própria história».
(JCCB)
O historiador e ex-deputado César de Oliveira, falecido no dia 15, no Hospital Pulido Valente, em Lisboa, nasceu há 57 anos em Fiais da Beira (Oliveira do Hospital).
Tendo-se licenciado em filosofia pela Faculdade de Letras do Porto, veio a doutorar-se em História dos Factos Sociais pelo Instituto de Ciências Sociais e Políticas em 1986 com uma tese sobre «A consolidação do salazarismo e a guerra civil de Espanha». Actualmente professor do ISCTE, César de Oliveira pertenceu ao Gabinete de Investigações Sociais e foi membro da redacção da revista «Análise Social».
Na área da investigação trabalhava num projecto financiado pela União Europeia sobre «A imagem da Europa, os factores educacionais e o desenvolvimento no interior da Região Centro».
Autor de numerosas obras, a mais recente das quais sobre a «História dos Municípios e do Poder Local», publicada em 1996, César de Oliveira começou por publicar no Porto «O operariado e a República democrática» e «O socialismo em Portugal, 1850-1900».
As relações históricas entre Portugal e a Espanha também lhe interessavam e, para além da sua tese de doutoramento, escreveu «Portugal e a II República de Espanha» e «Cem anos de relações Portugal-Espanha».
De 1980 a 1985 César de Oliveira foi deputado à Assembleia da República pelo circulo de Faro e de Janeiro de 1990 a Janeiro de 1994 foi presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital.
Em Janeiro de 1994 passou a desempenhar as funções de membro eleito da Assembleia Municipal de Lisboa e nessa qualidade fez parte da Assembleia da Área Metropolitana de Lisboa.
Reacções à morte
O PS manifestou o seu «profundo pesar» pelo falecimento do seu generoso militante, que, «para além de ilustre historiador, foi um destacado militante que serviu a causa pública e muito contribuiu para o aprofundamento do poder local, como protagonista e como pensador».
Amigo pessoal de César de Oliveira, o Presidente da República, Jorge Sampaio, manifestou emocionado grande tristeza pela morte de «uma personalidade de enorme generosidade e um combatente pela liberdade e também pelo culto da história».
Jorge Sampaio evocou «o grande espírito de César de Oliveira, que assinala duas décadas da vida portuguesa com uma constante dedicação ao próximo».
O primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Guterres, manifestou «grande emoção e profunda tristeza» pela morte do seu «companheiro, camarada e amigo César de Oliveira», que, sublinhou, «vai fazer-nos muita falta».
Segundo António Guterres, César de Oliveira «possuía uma vivacidade e uma energia invulgares, um entusiasmo contagiante».
Para António Guterres, fica sobretudo a memória do «deputado que entre 1980 e 1985 deixou na Assembleia da República marcas da sua oratória expressiva, do seu saber, do seu dinamismo», e sobretudo do «investigador incansável, historiador brilhante, autor de inúmeras obras dedicadas à história deste século», para além do «camarada sempre disponível e atento, o amigo, o companheiro de muitas jornadas».
O ex-Presidente da República Mário Soares recordou «triste e emocionado» a morte do historiador, «homem progressista», deputado e autarca do PS, com quem tinha «relacionamento pessoal, íntimo e muito fácil».
Para Alberto Arons de Carvalho, secretário de Estado da Comunicação Social e co-fundador do PS, César de Oliveira «era uma pessoa de insatisfação permanente, enorme frontalidade e combatividade, um homem sensível capaz de gostar e detestar sem limites, mas sempre amigo dos seus amigos».
Segundo o historiador Fernando Rosas, César de Oliveira «foi um homem que viveu em contínua intervenção cívica e política desde muito cedo e de uma forma sempre apaixonada».
Os deputados do PS/M apelaram ao ministro da Agricultura e ao secretário de Estado dos Assuntos Europeus para que adoptem uma posição de defesa firme dos interesses dos produtores e agricultores de banana da Madeira.
Numa nota do dia 16, distribuída à comunicação social, o grupo parlamentar socialista deliberou, em reunião, enviar, aos referidos responsáveis do governo da República, uma exposição urgente, pedindo para que, junto das instâncias da União Europeia, defendam a produção de banana da Região e os interesses dos respectivos agricultores.
Pretendem que os esforços conduzam à não majoração de quotas de importação de banana nos países da UE por parte de países terceiros, o que afectaria negativamente os bananicultores da Madeira.
Destacam a importância da produção e comercialização da banana para a economia regional, dizendo não ignorar «os fortes interesses comerciais de poderosos países mundiais e da própria OCM (organização comum de mercado) que visam forçar a importação deste produto na União Europeia».
A mesma exposição que o grupo parlamentar do PS/M remeteu ao ministro e secretário de Estado salientara também a «grande preocupação dos deputados socialistas em que os rendimentos líquidos dos agricultores e produtores de banana da Região não sejam diminuídos, por via das decisões que os organismos da UE venham a tomar».
O PS/Açores considerou na terça-feira que a redução das tarifas aéreas entre a Região Autónoma e o Continente constitui uma alteração de extrema importância para os açorianos, o turismo e as empresas.
José Contente, porta-voz dos socialistas açorianos, que falava em conferência de Imprensa na cidade da Horta, ilha do Faial, referia-se ao acordo estabelecido no dia 16, em Lisboa entre o Governo Regional e o ministro do Equipamento, João Cravinho, que permitirá uma redução no preço das passagens em cerca de 20 por cento a partir de 1 de Janeiro de 1999.
As tarifas aéreas entre os Açores e o Continente, actualmente de 43 200 escudos para residentes e 49 000 escudos para não residentes, irão custar, como resultado do acordo, 32 000 escudos no primeiro caso e 37 980 no segundo.
Os socialistas açorianos afirmaram, por outro lado, esperar que nas próximas semanas seja também formalizado o acordo da redução do preço da energia eléctrica entre o Executivo açoriano e o Governo da República.
O desemprego baixou 0,4 pontos percentuais no primeiro trimestre de 1998 face ao último trimestre de 1997, para situar-se em 5,9 por cento da população activa, de acordo com os dados divulgados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Esta tendência descendente já se verificara entre o terceiro e o quarto trimestre de 1997, com taxas de 6,8 e 6,3 por cento, sublinha o INE.
Em termos absolutos foram recenseados 283 000 desempregados (segundo o conceito do BIT - Bureau Internacional do Trabalho) no primeiro trimestre de 1998 no continente, contra 300 700 no quarto trimestre de 1997 e 322 000 no terceiro.
Em termos de distribuição por sexo e escalão etário, as maiores variações verificaram-se no emprego masculino, com um recuo de 8,5 por cento e no grupo dos 15 aos 24 anos, com um decréscimo de 14,9 por cento.
A componente «procura de primeiro emprego» contribuiu maioritariamente para o decréscimo do desemprego (- 24,1 por cento), a componente «procura de novo emprego» descendo apenas 0,4 por cento, precisa o INE.
Em termos de distribuição por regiões, só o Centro e o Norte apresentam taxas inferiores à média do Continente com 5,6 e 3,4 por cento respectivamente (contra 6,2 e 4,0 por cento no trimestre anterior).
Comparando com os trimestres anteriores, o Algarve é a única região onde o desemprego aumenta, passando para 7,8 por cento contra 7,1 no último trimestre de 1997.
O Alentejo continua a apresentar a taxa de desemprego mais elevado do Continente, com 8,9 pontos precentuais contra 9,4 no trimestre anterior. A região de Lisboa e Vale do Tejo apresenta uma taxa de 7,3 por cento (contra 7,4 no trimestre anterior).
A dificuldade em contratar pessoal qualificado constitui o principal obstáculo ao desenvolvimento do sub-sector das obras públicas segundo dados relativos a Maio e agora divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística.
O «Inquérito mensal de conjuntura à construção e obras públicas», revela que as perspectivas de evolução são positivas, embora inferiores às de idêntico período do ano anterior, na sequência de avaliações mais moderadas sobre a carteira de encomendas e a evolução do emprego nas obras públicas.
Na construção de edifícios, residenciais ou não,
regista-se que a carteira de encomendas de Maio de 1998 foi superior à
do período homólogo de 1997, sendo apontados como principais
obstáculos ao desenvolvimento deste sub-sector a dificuldade de
obtenção de licenças e a insuficiência da procura.