SOCIEDADE & PAÍS



 

Aborto

REFERENDO - RECENSEADOS EM MAIO NÃO VOTAM

Os jovens com 18 anos que se recensearam ao longo do mês de Maio já não poderão votar no referendo sobre interrupção voluntária da gravidez, marcado para 28 de Junho.

Esta informação foi adiantada, no dia 25, pela directora-geral do Secretariado Técnico dos Assuntos para o Processo Eleitoral (STAPE), Maria de Fátima Ribeiro Mendes, durante uma videoconferência para a apresentação da campanha institucional sobre o referendo.

A campanha institucional, promovida conjuntamente pelo Ministério da Administração Interna e pela Comissão Nacional de Eleições, começou igualmente na passada segunda-feira e prolongar-se-á até à véspera da campanha (dia 15 de Junho) para a consulta nacional sobre aborto.

Em declarações à Comunicação Social, a directora-geral do STAPE justificou a impossibilidade de exercício do direito de voto destes jovens com 18 anos, invocando o período de 30 dias de «inalterabilidade» dos cadernos eleitorais.

No entanto, recusou-se a apresentar uma estimativa em relação ao número de jovens que têm 18 anos mas que não poderão votar no próximo referendo.

Os novos eleitores recenseados em Maio deste ano já poderão votar em Outubro próximo, caso se confirme a realização dos referendos sobre União Europeia e Regionalização.

 



Madeira com dificuldades de compreensão

Na Região Autónoma da Madeira, o ministro da República admitiu, também no dia 25, no Funchal, que a realização de um referendo sobre o aborto pode provocar dificuldades de compreensão do sistema referendário.

Monteiro Dinis falava no âmbito da realização de uma videoconferência para apresentação da campanha institucional de esclarecimento sobre o referendo, que contou com a presença do ministro e secretário de Estado da Administracao Interna.

Respondendo a uma das perguntas colocadas pelos jornalistas da Madeira, Monteiro Dinis admitiu «que a conciliação dos dois momentos pode provocar alguma dificuldade de apreensão do sistema».

Contudo, realçou que este «tem a resposta possível, uma vez que a Assembleia da República, o órgão por excelência em matéria legislativa, pode articular a sua posição com a do referendo».

Instado a comentar a possibilidade de não se verificar o pressuposto legal de mais de metade dos cidadãos participar no referendo, adiantou que neste caso o mesmo «não pode ter eficácia de repercussão sobre o ordenamento jurídico, sendo como se não tivesse sido realizado, pelo que prevalecia a lei actual».

 

Expo’98 - Balanço da primeira semana

«TUDO DE VENTO EM POPA»

Completa-se hoje a primeira semana da Exposição Mundial de Lisboa 1998 dedicada aos oceanos. Conforme o planeado, a inauguração oficial, a abertura público e a festa em si têm decorrido com serenidade e sem problemas, carregando já um grande «fardo» de elogios e cativando a atenção dos vários quadrantes do globo.

O dueto da vocalista dos Madredeus, Teresa Salgueiro, e do tenor espanhol José Carreras foi o ponto alto da gala de inauguração da Exposição Mundial de Lisboa 1998, que decorreu na passada quinta-feira, dia 21.

O brilho do espectáculo tornou-se ofuscante com a possante voz do tenor espanhol, que garantiu uma interpretação sem mácula, recebendo uma forte ovação da plateia de convidados que aplaudiu o cantor de pé.

O «show» iniciou-se, conforme o previsto, às 22 horas, ao som de «Pangaea», de Nuno Rebelo - o tema musical que marcou a imagem institucional da Expo’98 -, enquanto as várias personalidades - os reis de Espanha, chefes de Estado e de Governo e outras altas individualidades - se sentavam nos lugares mais próximos do palco.

As boas-vindas à «capital dos Oceanos» foi dada por Carlos Cruz, escolhido pela RTP, e por Júlia Pinheiro, uma escolha da SIC. Em português e inglês, os apresentadores falaram da «grande festa» que é a Expo’98, antes de os dois ecrãs localizados no palco mostrarem imagens de Lisboa e recordarem a construção da exposição, bem como o nascimento dos símbolos e das campanhas promocionais do evento.

Michael Nyman foi o primeiro músico a subir ao palco, onde interpretou ao piano três trechos das composições do filme «O Piano», enquanto nos ecrãs passavam imagens da película.

José Carreras cantou, depois, três canções acompanhadas ao piano. Por seu turno, os Madredeus interpretaram em seguida três canções que antecederam o ponto alto da noite: o dueto entre Teresa Salgueiro e José Carreras, que cantaram «Haja o que houver», uma música do grupo português, cantado nessa língua pelo tenor espanhol.

No fim deste dueto, Michael Nyman subiu ao palco para cumprimentar os músicos portugueses e o tenor espanhol, numa imagem que encerrou o espectáculo.

O Aqua Matriz - espectáculo aquático junto ao Oceanário - foi a paragem seguinte dos convidados, marcando o final do dia em que foi inaugurada oficialmente a Expo’98.

 

Os primeiros navegadores...

Os primeiros visitantes da Expo’98 a entrar pela porta sul do recinto, na sua maioria estrangeiros em excursões, fizeram-no às 9 horas em ponto do dia 22, quando começaram a funcionar os 18 torniquetes reservados para o efeito. Mais de um milhar de visitantes aglomerava-se junto desta porta próximo da mesma hora.

Uma das primeiras pessoas a entrar foi Nuno Alves, de 24 anos, acompanhado pela namorada, ambos portadores de um passe de três meses.

Os dois jovens queriam ser dos primeiros a chegar ao Oceanário devido às filas que se prevêem nesse pavilhão.

Pretendiam depois visitar o Pavilhão da Utopia, Futuro, Portugal, e dar no primeiro dia de abertura ao público da Expo’98 uma vista geral pela exposição.

Esta foi uma ideia partilhada por muitos dos visitantes do recinto da Exposição Internacional que não deixaram de a descrever como um evento «espectacular», e como prova da «capacidade empreendedora dos portugueses».

Desde o primeiro dia da exposição aplicaram-se medidas de segurança rigorosas. Às crianças até aos dez anos, inclusive, os membros da organização colocavam uma pulseira azul de plástico, numerada, entregando um descartável, também numerado, aos pais ou acompanhantes, para melhor localização da criança e confirmação da identidade da mesma, à semelhança do que foi feito no ensaio geral.

Aos dez minutos da abertura ao público dos pavilhões temáticos da Expo’98, o Oceanário já batia de longe todos os outros em número de pessoas que aguardam em fila de espera para entrar.

Várias centenas de visitantes portugueses e estrangeiros faziam fila para ater acesso ao Ocenário, devidamente protegidos do Sol por amplos toldos de caniço.

De entre os cinco pavilhões temáticos e, tal como já ocorrera no ensaio geral do dia 9 de Maio, o Oceanário levava a palma aos pavilhões de Portugal, da Utopia, do Futuro e do Conhecimento dos Mares.

No ensaio geral, foi contabilizado um total de mais de 18 mil visitantes, com tempo médio de espera de uma hora e vinte minutos para entrar.

A hora do almoço foi um indicador da afluência moderada de visitantes no primeiro dia da Expo’98, com a maioria dos restaurantes a funcionarem sem as temidas filas de espera que caracterizaram o ensaio geral.

Talvez por ser um dia de trabalho normal para a maioria dos portugueses, estes entraram na Expo só ao princípio da tarde.

Pelo recinto circulava-se sem «engarrafamentos» e os restaurantes apresentam espaços disponíveis, tanto os mais acessíveis como os mais dispendiosos.

A Expo-Noite começou às 20 horas, introduzindo no recinto mais algumas centenas de visitantes que usufruíram da parte nocturna da exposição, onde brilham os espectáculos.

A primeira visitante a entrar com o cartão Expo-Noite pela porta sul foi Maria Helena Borrego, 43 anos, que disse ter optado por este bilhete para «experimentar» o recinto e, se gostar, comprar um passe de três meses.

A visitante veio de carro e congratulou-se por não ter apanhado engarrafamentos no caminho.

Os visitantes com o bilhete Expo-Noite juntaram-se cerca de 15 minutos antes das 20 horas, formando duas filas que, passados alguns minutos da hora de entrada, se dividiram por cinco entradas, tendo acesso ao recinto sem grandes demoras.

 



Guterres tranquilo...

O primeiro-ministro explicou, ao cair do terceiro dia da Expo’98, que a afluência moderada de visitantes não é de todo preocupante pois «o mesmo fenómeno ocorreu nos primeiros dias de outras exposições semelhantes».

António Guterres salientou também que ainda não começou o período de férias, manifestando-se convicto de que, à medida que o tempo for passando, a afluência aumentará.

Guterres falava à saída do Pavilhão de Portugal na Expo’98, onde ofereceu uma recepção a parlamentares do Conselho da Europa.

Depois do encontro, e questionado sobre os preços alegadamente altos praticados no recinto da Expo, o primeiro-ministro explicou que a intenção do Executivo foi não obrigar o contribuinte a pagar o certame e a respectiva qualidade, pelo que este terá de ser pago pelos visitantes.

«Quando pensámos na qualidade desta Exposição, compreendemos que aqueles que a visitem, muitos dos quais são estrangeiros, dêem o seu contributo», considerou.

Um dia depois o ministro do Equipamento do Planeamento e da Administração do Território transmitia a mesma tranquilidade e segurança.

Segundo João Cravinho, a fraca afluência de visitantes à Expo’98 nos três primeiros dias resultou da «forte campanha» de sensibilização para os portugueses visitarem a exposição «mais tarde».

O ministro acrescentou a propósito do moderado número de visitantes, que «ainda faltam mais de quatro meses» para o encerramento e que «é tudo uma questão de gestão do tempo».

«Estou convencido de que esta é uma grande realização. Pelo que tenho ouvido, as pessoas gostam, o espaço é agradável e os pavilhões são interessantes», disse ainda o governante.

Faltando ainda 124 de Expo’98 muitas travessias estão por empreender. Os desafios estão à espera dos visitantes, mas, até agora, tudo decorre de vento em popa.

(MJR)

 



Desporto - Congresso da FIG

Gymnaestrada de 2003 passa por Portugal

A Assembleia Geral do Congresso da Federação Internacional de Ginástica (FIG) atribuiu, no dia 24, a Portugal a organização da Gymnaestrada de 2003, que terá Lisboa como seu palco principal.

Na eleição efectuada já depois da 19 horas, Lisboa recebeu 39 votos dos membros da assembleia, e a cidade austríaca de Dornbein, a única que concorria com a capital portuguesa, somou 35.

A Gimnaestrada é a maior realização da FIG a nível planetário, respeitando exclusivamente à variante Ginástica Geral, e Portugal será sede, em Julho de 2003, da sua XII edição, a primeira do século XXI.

Entre 20 e 30 mil ginastas de mais de uma centena de países deslocar-se-ão a Lisboa para participaram na Gymnaestrada-2003, número este que pela sua dimensão ultrapassa largamente o de concorrentes aos torneios dos Jogos Olímpicos, campeonatos mundiais e campeonatos continentais, colocando problemas de logística de enorme envergadura à Federação Portuguesa de Ginástica (FPG).

A XI edição da Gymnaestrada efectua-se no próximo ano de 1999 e realizar-se-á na Suécia.

A sessão da Assembleia Geral da FIG, que encerrava este Congresso realizado pela primeira vez em Portugal, aprovou outras propostas que lhe foram presentes, de entre as quais avulta a de uma nova estrutura para a Federação Internacional, que implica a criação de um Conselho com funções executivas, composto por um total de 44 membros.

Têm assento neste novo órgão o presidente da FIG e os presidentes das sete Comissões Técnicas que passaram a existir depois deste Congresso de Vilamoura, e que eram apenas quatro no início do mesmo.

As comissões técnicas da Ginástica Artística Masculina, da Ginástica Artística Feminina, da Ginástica Geral e da Ginástica Rítmica Desportiva, que já existiam, juntaram-se agora as dos Trampolins, da Ginástica Aeróbica Desportiva e da Ginástica Acrobática.