A SEMANA




MANUEL ALEGRE LANÇA «SENHORA DAS TEMPESTADES»

No lançamento do seu mais recente livro de poemas, «Senhora das Tempestades», o camarada Manuel Alegre esclareceu, no passado dia 27 de Março, aqueles que o classificam como poeta de intervenção: «Todos os poetas que se publicam o são.»

Apropriadamente lançada na Casa Fernando Pessoa, a obra atingiu desde já a tiragem invulgar de dez mil exemplares, estando previsto que em Abril seja lançada uma segunda edição de mais cinco mil.

Na sua intervenção, Manuel Alegre começou por evocar a sua mãe, que na altura faria anos, e Luísa Guterres, que costumava estar presente no lançamento dos seus livros. «E que está presente também na minha saudade», disse aos presentes, um deles o primeiro-ministro, António Guterres.

Rejeitando ser classificado apenas como poeta de intervenção, admitiu, contudo, a designação de «poeta de resistência», na qual disse ter muita honra.

O que Manuel Alegre não aceita é «a leitura perversa de apenas como tal ser classificado».

«Não aceito, aliás, nenhuma forma de classificação, porque todas elas relevam de atitudes preconceituosas ou de mal disfarçados propósitos redutores», frisou o poeta.

A apresentação do livro foi feita por Victor Aguiar e Silva, também autor do prefácio, onde refere que na «Senhora das Tempestades» se «condensam, relampejam e se afundam os enigmas, pavores, anseios e fascínios do homem como ser destinado à morte».




INAUGURADA CASA DO AMBIENTE

O primeiro espaço de atendimento e acompanhamento de queixas dos cidadãos em matéria de ambiente foi inaugurado em Lisboa no último dia de Março, com a presença da ministra do Ambiente, Elisa Ferreira.

A Casa do Ambiente e do Cidadão fica situada nas novas instalações do Instituto de Promoção Ambiental (Ipamb), localizado num palacete construído no último quartel do século XIX e cuja recuperação custou 345 mil contos.

Elisa Ferreira que manifestou interesse em repetir esta experiência-piloto em outras cidades, considerou que «Portugal está numa fase de alerta e aprendizagem em termos de queixas sobre questões ambientais».

Para o secretário de Estado do Ambiente, José Guerreiro, a inauguração deste serviço representa «o cumprimento de uma importante parte do programa do Governo», no que se refere à «participação dos cidadãos, educação ambiental e sensibilização».

Na casa do Ambiente e do Cidadão ficará instalado um Centro de Informação Ambiental e de Apoio ao Cidadão, que fará atendimento e acompanhamento de queixas dos cidadãos em matéria de ambiente, em colaboração com os serviços do Ministério do Ambiente e com a Provedoria de Justiça. Este serviço irá funcionar como «interface entre os cidadãos e a Administração Central» em matérias ambientais.




ADJUDICADAS BARRAGENS DE VERMIOSA E ALFAIATES

O secretario de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, adjudicou terça-feira, na Guarda, a construção dos aproveitamentos hidroagrícolas de Vermiosa e Alfaiates correspondentes globalmente a um investimento de cerca de um milhão de contos.

Na cerimónia, Capoulas Santos apelou aos agricultores e presidentes de câmara da região para que apostem no aproveitamento dos recursos hídricos «no contexto de uma agricultura situada no clima mediterrânico».

Este objectivo, a par das áreas da floresta e fileira florestal, representam, segundo disse, apostas estruturantes do Governo que «quer potenciar ao máximo» os recursos, num momento em que se aproxima a Reforma da PAC.

Esta é a forma «mais adequada de salvaguardar os interesses de Portugal e da agricultura portuguesa, tendo consciência de que, por razões agro-climáticas e por razões políticas que decorrem de uma reforma efectuada em 1992, que veio a demonstrar-se lesiva para os interesses portugueses, deseja-se que a próxima reforma da PAC seja melhor para Portugal», considerou Capoulas Santos.

O secretário de Estado anunciou a abertura de propostas para o aproveitamento hidroagrícola de Magueija a 13 de Maio e, em Junho, a adjudicação do túnel que vai ligar a barragem do Sabugal a Meimoa.

A barragem de Vermiosa, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, vai ter uma albufeira com capacidade de 2 250 mil metros cúbicos. Quanto à barragem de Alfaiates, no concelho de Sabugal, vai ter 16 metros de altura e uma albufeira com 854 mil metros cúbicos de capacidade.




TRAVESSIA FERROVIÁRIA DO TEJO EM ABRIL DE 1999

A travessia ferroviária da Ponte 25 de Abril deverá entrar em funcionamento, segundo revelou o secretário de Estado dos Transportes, Guilhermino Rodrigues, em de Abril do próximo ano.

A ligação ferroviária entre as duas margens do Tejo vai funcionar, numa primeira fase, entre Lisboa e o Fogueteiro, prevendo-se que o prolongamento deste troço à cidade de Setúbal esteja concluído até 2002.

«Já na próxima semana deverão iniciar-se as negociações com os dois concorrentes que passaram à fase seguinte (a Stagecoach e a Fertagus, que integra o grupo Barraqueiro), prevendo-se que o contrato de subconcessão seja assinado até Julho deste ano. A partir daí, o vencedor do concurso tem oito meses de preparação para iniciar a exploração em Abril de 1999», explicou.

Guilhermino Rodrigues falava após a cerimónia que decorreu na Pousada de S. Filipe, Setúbal, que assinalou a entrada em funcionamento do troço ferroviário entre Setil e Setúbal-Mar.

A electrificação deste troço que exigiu um investimento global de 5,9 milhões de contos, financiados a 70 por cento pelo FEDER e o resto pelo Governo português, visa assegurar uma ligação ferroviária de qualidade entre o Norte e Centro do País, com as duas principais plataformas multimodais da região Sul, centradas nos portos de Setúbal e Sines.

Além de ganhos de exploração, do menor consumo de energia e da melhoria que a electrificação da linha representa para o meio ambiente, trata-se de uma ligação que coloca também a cidade de Setúbal na grande Rede Europeia de Transporte Combinado, permitindo, assim, atingir os principais mercados europeus.

Este troço ferroviário Setil/Setúbal-Mar, que representa uma distância de 125 quilómetros, «vai também proporcionar uma melhoria significativa na qualidade do transporte de mercadorias», sublinhou o presidente da CP, Crisóstomo Teixeira.

«A electrificação da linha vai permitir uma diminuição dos tempos de percurso, uma redução nas falhas do sistema e menores custos de exploração», acrescentou Crisóstomo Teixeira.