ECONOMIA




Portugal/Espanha

PINA MOURA FALA AO JORNAL «EL PAÍS»

O ministro de Economia, Joaquim Pina Moura, em entrevista publicada pelo «El País» na segunda-feira, referiu a ocorrência de «pactos entre grupos espanhóis e portugueses» no âmbito da reestruturação do sector financeiro.

Pina Moura advertiu, no entanto, que «do ponto de vista político», o Governo «estará atento a fim de garantir que o sistema financeiro português manter-se-á forte».

Na entrevista de uma página, a primeira que concede a um órgão de comunicação social espanhol, o ministro da Economia sublinha que a «entrada em simultâneo da Espanha e de Portugal na Comunidade Europeia marcou uma grande viragem nas relações bilaterais», tanto em termos políticos como económicos ou culturais.

Na sua opinião, «o desaparecimento das fronteiras e a entrada no mercado único vai criar uma nova realidade, um novo mercado ibérico».

Alem disso, «seria uma boa oportunidade para que as duas economias, sem tendências hegemónicas por nenhuma das partes e através de colaboração estreita, ampliem os nossos mercados na América Latina e em África».

Sobre a crítica de alguns sectores à chamada «invasão espanhola», Pina Moura diz ser «necessário ter em conta as novas realidades e que não só é necessário produzir mas também vender».

«Temos que fortalecer o nosso mercado interno, mas devemos estimular a internacionalização da nossa economia e isso passa pela criação de sociedades conjuntas com grupos estrangeiros e, desde logo, com os espanhóis», afirma Pina Moura, que reconhece que a balança comercial entre os dois países é «inteiramente favorável à Espanha».

«Temos que estimular as nossas empresas para que sejam mais activas no mercado espanhol», afirma o ministro na entrevista.

Em relação às privatizações, Pina Moura referiu que em 1997 o Estado português obteve um «encaixe» de 780 milhões de contos e que este ano serão 360 milhões menos do que no anterior, em que o Governo concentrou o programa.

Pina Moura disse que o Estado «conservará participações importantes nos sectores energético e das telecomunicações e ficará com o primeiro grupo financeiro do pais», a Caixa Geral de Depósitos.

A Electricidade de Portugal (EDP) será privatizada até 49 por cento, de modo que o Estado mantenha uma posição maioritária, e, no mercado do gás, admitiu uma participação privada.

Para explicar o «boom» da bolsa de valores, Pina Moura atribuiu-o a vários factores e, entre eles, a situação macroeconómica «muito saudável», a uma «grande confiança dos investidores na economia» e à «evolução muito favorável do mercado de capitais».

Para o ministro, «este mercado deixou de ser considerado emergente no ano passado e a redução das taxas de juro foi, sem duvida, decisiva».

Referindo-se a Cavaco Silva, Pina Moura referiu que «a visão apocalíptica» dele sobre a regionalização «não se confirmará», entre outros motivos porque «as regiões administrativas absorverão só os recursos financeiros que hoje estão nas mãos da Administração Central para estas áreas e não provocará nenhum aumento do gasto publico».

Ainda em resposta às recentes críticas de Cavaco Silva sobre o atraso das reformas, disse que não pode entendê-las «a não ser que se trate de autocrítica» pois o ex-primeiro-ministro «esteve dez anos no Governo, grande parte com maioria absoluta, e não fez as reformas estruturais que ele considera necessárias para sustentar a economia». Portanto, acrescentou, «Cavaco não tem autoridade para criticar aquilo que pensa que é um atraso.