O consumo de droga já não é um problema apenas localizado em algumas regiões do planeta, estando, hoje, difundido à escala mundial. Esta é uma das principais conclusões do Relatório Mundial das Drogas do Programa Internacional de Controlo da Droga, divulgado na passada semana por ocasião do Dia Internacional da ONU Contra o Abuso e o Tráfico de Drogas e onde se reconhece que apesar dos crescentes meios de combate ao tráfico de droga colocados à disposição das diversas polícias, as apreensões não passam de uma gota de água.
Por cá este grave problema, tabu durante demasiados anos, só com o Governo socialista começou a merecer, por parte das entidades competentes, a devida e merecida atenção. É neste sentido que surgiram esta semana mais 38 medidas de combate à toxicodependência. O conjunto de medidas apresentadas pelo ministro adjunto Jorge Coelho, a que o «Acção Socialista» se refere na edição de hoje, são mais um pequeno, mas importante, passo neste combate desigual contra a toxicodependência e o tráfico de droga, especialmente se tivermos em consideração que o negócio do narcotráfico representa hoje cerca de oito por cento das exportações mundiais.
O flagelo da droga que já atinge, segundo a ONU, cerca de dez por cento da população mundial, continua a aumentar diariamente em todo o mundo. É, pois, urgente a reformulação das políticas de combate à droga nas suas diversas vertentes, já que, conforme se refere no relatório, o impasse na política das drogas tem feito surgir «numerosos grupos de pressão apelando a mudanças internacionais no controlo de drogas através do abrandamento da proibição».
Aliás, a política do proibicionismo tem vindo a ser fortemente colocada em causa, pois «não conseguiu deter o consumo de drogas» como afirmou Jorge Sampaio no seminário sobre droga, que recentemente promoveu. Por isso, para o Presidente da República, só com o «debate na comunidade científica e na sociedade portuguesa em geral» se pode encontrar «o modelo que possibilite a redução da nocividade do consumo de drogas, nos indivíduos e na sociedade».
A DIRECÇÃO