CIÊNCIA E TECNOLOGIA 



Balanço Positivo

FÓRUM «CIÊNCIA VIVA»

O ministro da Ciência e Tecnologia, José Mariano Gago, sublinhou, no dia 7, o carácter «indispensável» de que se reveste o contributo dado pelo Programa Ciência Viva para a promoção da cultura científica de base em Portugal.

Mariano Gago, que discursava no Fórum Picoas, em Lisboa, por ocasião da sessão de encerramento do Fórum «Ciência Viva», não deixou passar a oportunidade de salientar as duas vertentes prioritárias do programa: «a importância decisiva da escola na formação de capacidades de aprendizagem científica efectivamente utilizáveis ao longo da vida, e a necessidade imperiosa de sublinhar o papel insubstituível da experimentação, isto é, da confrontação organizada do pensamento e do real, na apropriação da cultura científica», referiu.

Segundo constata o ministro da Ciência e da Tecnologia, o Programa serviu-se de três valiosos instrumentos. O primeiro é precisamente a iniciativa «Ciência Viva na Escola»; o segundo é a criação, em todo o País, de Centros de Ciência Viva e, por último, temos o instrumento de intervenção que visa o estímulo ao movimento associativo para a promoção da cultura científica e tecnológica em Portugal.

Quanto à primeira das «ferramentas» referidas, Mariano Gago deixou explícita a intenção de dar continuidade ao projecto e de desenvolvê-lo o mais possível.

«Passado este primeiro ano de vida, importa continuar a reforçar o "Ciência Viva na Escola", dotando-o de maior capacidade e orientando-o em função da experiência adquirida e da reflexão que será produzida pela Equipa Internacional de Avaliação e Acompanhamento», adiantou o governante.

Opinião favorável já formada têm centenas de professores de ciências que, em mais de meio milhar de estabelecimentos de ensino de todo Portugal, aderiram e desenvolveram o programa.

Durante o Fórum «Ciência Viva», os docentes relevaram a importância que, nos nossos dias, assume a educação experimental, como a que é preconizada pelo «Ciência Viva na Escola».

Segundo o parecer manifesto por estes profissionais do ensino, o projecto em causa é essencial no combate contra uma atitude negativa dos alunos face ao saber científico.

Paulina Mata, professora universitária de Química na Faculdade de Ciências da Universidade Nova de Lisboa, deu apoio a educadores e educandos de oito escolas no âmbito do subprograma «Mais cientistas de palmo e meio - um projecto em marcha!» e está optimista quanto às vantagens da iniciativa.

A professora afirmou que «os piores alunos, e geralmente desinteressados, eram os que se mostravam mais atentos e participativos nas aulas experimentais», acentuando, ainda, que os laboratórios se revelaram «excelentes meios de integrar alunos que normalmente se auto-excluem».

Por tudo isto e mais, Mariano Gago acarinha algumas propostas de análise que dizem respeito à evolução do programa.

O titular da pasta da Ciência e Tecnologia quer reflectir sobre um «reforço das relações entre a escola básica e as instituições científicas portuguesas», sobre um «reforço de prioridade nas aprendizagens científica e técnica nos primeiros anos de escola» e acerca do lançamento de «um programa específico para a educação científica na escola primária».

Para a concretização das suas propostas, o ministro aposta na qualidade das ideias subjacentes ao projecto e no poder informador dos «media».

Pretende-se incentivar uma divulgação científica nos meios de Comunicação Social como a televisão, a rádio, o jornal ou o livro, ou ainda as exposições, viagens, cd-roms ou conteúdos na Internet.

Fulcral para o sucesso do programa será, segundo Mariano Gago, «o envolvimento da comunidade científica e das suas instituições».

«A actividade científica real, os seus saberes e práticas, comunica com as restantes actividades humanas, e por elas condicionadas e delas recebe alimentos e estímulos, assim como ela mesma contribui para o seu enriquecimento e para a formação da reflexividade crítica e das capacidades de interpretação, de argumentação e controvérsia», frisou o ministro da Ciência e Tecnologia, acrescentando que «por isso, é necessário reafirmar o primado essencial da experimentação da cultura científica».

Para Mariano Gago, «pensar a formação da cultura científica de base é um grande desafio que o Programa Ciência Viva constrói à vista de todos e hoje expõe e debate com o contributo para a melhoria segura da nossa cidadania».

A confirmar o desafio está Carlos Catalão, responsável pelo programa do Ministério da Ciência e Tecnologia, que, em declarações à Agência Lusa, explicou que, no total, o Ciência Viva gastou meio milhão de contos em recursos humanos, apoio financeiro e equipamento de laboratório, para levar a cabo os projectos apresentados pelas escolas.

Neste sentido, a colocação em prática do programa serviu, também, para dar conta das carências ao nível dos equipamentos que são sentidas nas escolas e que, na continuação do mesmo projecto, se espera sejam supridas.

(MJR)