MOEDA, EUROPA E SINDICALISMO
Neste determinado avanço para o EURO em que o nosso país se encontra empenhado, a diferença de uma política socialista em relação às políticas das direitas luso-europeias tem que ser vista com rigor, para não adoptarmos as perspectivas ridículas dos nossos adversários neo-estalinistas ou dos sectores da direita radical anti-europeia ou reticentemente europeia que nos procuram confundir com aqueles que nos combatem, inseridos no movimento conservador europeu.
E uma das questões centrais tem a ver com os salários e as políticas de concertação social.
Não parece possível manter duradouramente uma política de controlo da inflação, indispensável não só para a participação no EURO como para um são equilíbrio das finanças públicas bem como para a própria sustentabilidade do investimento sem, numa óptica de esquerda, proceder a aumentos de salários reais, combatendo simultaneamente o desemprego, criando emprego e alargando as protecções sociais.
Essa tem que ser uma marca distintiva de uma política socialista face às políticas de direita liberal ou programático-oportunistas que caracterizaram sucessivamente, no plano económico, a década do cavaquismo. O PS não se pode diluir num clube europeu da moeda única, sem afirmar com clareza, pela prática e pelo discurso, a compatibilização dos valores da solidariedade social, com uma estratégia realista de desenvolvimento económico e a consolidação da perspectiva de participação no espaço decisivo da União Económica e Monetária europeia : o do EURO.
Mas não bastam, sendo importantes as posições dos partidos políticos.
É relevante que a Assembleia da República tenha aprovado, com uma esmagadora maioria uma resolução apoiando a entrada de Portugal, desde o inicio, na 3ª fase da UEM, participando no EURO, à partida ( novamente, duas centenas de deputados votaram favoravelmente essa moção, tantos quantos tinham votado a adesão às Comunidades, em 1985 ( a actual soma dos deputados do PP com o PCP é menor que o conjunto dos deputados comunistas nessa data ).
É significativo que tenha sido celebrado um acordo de concertação estratégica que permite ganhar espaço no terreno social para a compatibilização entre as estratégias de desenvolvimento económico nacional e de participação na 1ª etapa da moeda única.
Mas será necessário um empenhado e redobrado esforço na área sindical, reforçando as componentes modernizadoras do movimento sindical que empenhadamente assumem a defesa dos trabalhadores, mas que sabem como a harmonizar com os interesses da comunidade nacional.
Um sindicalismo moderno, representativo, eficaz e dialogante é um parceiro essencial, indispensável do processo de desenvolvimento económico e uma garantia do funcionamento real da democracia nos terrenos institucional e social.
(Joel Hasse Ferreira)