CULTURAS E DESPORTOS




SUGESTÃO


«EL AMOR BRUJO»

Os ciganos e a sua música foram o centro de inspiração de Manuel de Falla para conceber «Flamencos de Antes» e «El Amor Brujo», um espectáculo com coreografias de Ricardo Franco, a que poderá assistir se se deslocar até ao Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, nos dias 16 e 17, sábado e domingo, respectivamente, a partir das 21 e 30.

Nesta versão, co-produção do Festival dos 100 Dias/Expo'98 e do Comissariado da Espanha, os protagonistas são ciganos, a sua dicção é andaluza e a sua dança é, obviamente, o flamenco, embora a música não o seja.

A única excepção à regra é encarnada pela personagem Fogo Fátuo que, segundo o coreógrafo Ricardo Franco, é o «espírito da gruta», «um espírito brincalhão e um tanto assustadiço, sem referência a qualquer personagem humana».

O ambiente da segunda cena foi concebido com base num esboço da caverna da bruxa do pintor canário Néstor, que foi o cenógrafo original da primeira versão da obra que data de 1915.

Se aprecia o gosto do flamenco à moda antiga não perca este espectáculo onde se destacam as danças de Beatriz Martín e que pretende comemorar Falla, unindo-o num mesmo espírito à arte cigana por excelência.




Festival dos 100 Dias / Expo'98

CICLO DE CANÇÕES SOBRE FERNANDO PESSOA
Michael Nyman Band
Maestro: Michael Nyman
Solista: Hilary Summers
19 de Maio - 21h30
Grande Auditório
Centro Cultural de Belém




QUE SE PASSA


CONFERÊNCIAS EM COIMBRA

Hoje é o último dia de exibição, na Torre D'Anto, da mostra «Palavras da Terra», uma exposição que visa retratar, por imagens e palavras, a diversidade das paisagens e das gentes que atravessa a geografia literária portuguesa dos séculos XIX e XX.

A partir de amanhã e até ao dia 17 de Junho, o Auditório da Universidade albergará as Conferências de Coimbra, uma iniciativa que abordará nesta sua primeira parte, o tema «Fronteiras da ciência: desenvolvimentos recentes, desafios futuros».

O programa do simpósio incide sobre três grandes temas: Cosmos e Matéria; Complexidade, Vida e Homem; e Sociedade e Futuro.

A apresentação das comunicações estará a cargo de um elenco de luxo que inclui três Prémios Nobel (da Física e Química).

Se gosta de História da Arte não perca a oportunidade de ouvir Luísa Trindade falar sobre «Estabelecimentos Fundados na Universidade de Coimbra ao Tempo do Marquês de Pombal», no âmbito de um curso livre promovido pela Casa Municipal da Cultura, amanhã, a partir das 18 horas.

A Casa Municipal foi, igualmente, o local escolhido para que no sábado, dia 16, às 11 e 45, se realize uma conferência comemorativa do 20º aniversário da Fundação do GAAC a cargo do académico Jorge Alarcão.

Também até ao sábado poderá visitar, na Galeria das Doações, a mostra de fotografia de João Azevedo intitulada «Andarilhanças do GAAC».

Também na Casa Municipal, mas na quarta-feira, às 21 e 45, haverá uma outra conferência, desta feita subordinada ao tema «Equipamentos e Serviços II»




RECITAL EM GUIMARÃES

Hoje, às 21 e 30 o filme «Laços de Ouro» de Victor Nunez será exibido no Auditório da Universidade do Minho.

A partir de amanhã e até ao dia 21, «Impacto Profundo» estará no Cinema São Mamede.

Mas se preferir apreciar as tramas da lei tal como as vê Francis Ford Coppola, então volte ao Auditório da Universidade do Minho, na terça-feira, dia 19, para a sessão das 21 e 30.

No plano musical é o sábado que se destaca com um recital de piano, às 21 e 30, no Museu Alberto Sampaio.




MÚSICA EM LISBOA

O Ciclo «Grandes Orquestras Mundiais» começa hoje, no Coliseu dos Recreios, às 21 e 30, com a actuação da Orquestra Sinfónica da Rádio de Saarbruck, sob a direcção do maestro Michael Stern, e das pianistas Katia e Marielle Labéque.

No programa deste espectáculo têm lugar destacado George Gershwin com «Um Americano em Paris»; Luciano Berio com «Concerto para Dois Pianos e orquestra»; e Dimitri Shostakovich com a «Sinfonia nº 10 em Mi Menor, Op. 93».

Até ao final do mês poderá ver «Quando Passarem Cinco Anos», de Federico García Lorca, no Teatro do Bairro Alto, às 21 e 30, com encenação de Luís Miguel Cintra e interpretação do Teatro da Cornucópia.

Na quarta-feira será altura de ir até á Fundação Calouste Gulbenkian, mais precisamente, ao Grande Auditório, para ouvir o violoncelo de Ivan Monighetti e a Orquestra Gulbenkian, dirigidos pelo maestro Muhai Tang, numa inesquecível recriação das obras de Witold Lutoslavsky e Nikolai Rimsky-Korsakov.




CONCERTOS EM OVAR

O pelouro da Cultura da Câmara Municipal promove, até ao dia 5 de Junho, um conjunto de espectáculos musicais de qualidade denominados «Ciclo de Concertos de Primavera»



POESIA EM PORTIMÃO

Hoje, às 18 e 30, visite a mostra dos trabalhos mais recentes da pintora Maria José Ventura, patente no Antigo Mercado Municipal, até ao final do mês.

Amanhã, os serões de poesia da Biblioteca Municipal Manuel Teixeira Gomes começarão às 21 e 30 com poemas musicados por Afonso Dias da autoria de poetas africanos e sob a designação específica de «O Perfume da Palavra».

«A Casa de Bernarda Alba», de Federico García Lorca, é a peça que será interpretada, no sábado, dia 16, a partir das 21 e 30, na Boa Esperança, pelo grupo de teatro Penedo Grande

A Associação dos Amantes de África e da Aventura a Câmara Municipal e o Centro de Línguas, Cultura e Comunicação (CLCC) promovem a exposição «Do Algarve à Guiné-Bissau», patente no Edifício do CLCC.




CONCURSO EM SANTO TIRSO

No sábado, pelas 10 horas, realiza-se o V Concurso Concelhio de Vinho Verde Engarrafado de Santo Tirso, no átrio da Câmara Municipal.

O evento destina-se a todos os produtores sediados no concelho que produzem e comercializam vinho verde engarrafado com denominação de origem e cuja produção manifestada não seja inferior a mil litros.

Numa iniciativa paralela, decorre, na Praça do Município, a I Mostra do Vinho Verde Engarrafado do concelho.

Da parte da tarde a mostra continuará a poder ser visitada, mas, desta vez, com a companhia da animação a cargo de um grupo de música tradicional portuguesa. Às 16 horas serão divulgados os nomes dos premiados do concurso, sendo os prémios entregues aos contemplados numa cerimónia pública a realizar por alturas das festas de São Martinho.




COLÓQUIO EM SINTRA

Até amanhã, o município comemora o Dia da União Europeia com uma exposição, entre outras iniciativas, no átrio superior dos Paços do Concelho, das 9 horas às 12 e 30 e das 14 horas às 17 e 30.

No sábado, o Salão dos Bombeiros Voluntários de Colares será palco, a partir das 17 horas, de um colóquio que abordará as peças teatrais «Farsa de Inês Pereira», pelo grupo Cena Aberta; «Viver e Conviver», a cargo do grupo Dos Oito aos Oitenta; e «A Nau Catrineta», pelo Pé-de-Meia.




FESTIVAL EM VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO

Até ao dia 14 de Junho, decorre o Festival «Movimentos Culturais à Beira do Guadiana, uma iniciativa que pretende mostrar toda a dinâmica da cultura ibérica, através de cortejos, exposições, música, poesia, dança, teatro, bailado e espectáculos infantis.

Hoje e no sábado, dia 16, o Festival traz dois espectáculos ao Centro Cultural, primeiro a cargo do Grupo Coral da Junta de Freguesia de Vila Real de Santo António e o segundo com a orquestra de Rui Gonçalves.

O domingo começa com desporto, nomeadamente com o Campeonato Nacional de Pesca Desportiva de Alto mar, um torneio de futebol infantil, na categoria de escolas, a realizar-se no Estádio Municipal, e ainda com o Campeonato Nacional de Tiro com Arco, no Campo Francisco Gomes Socorro.




Beiras Litoral e Interior

FINANCIAMENTOS DE 630 MIL CONTOS PARA QUATRO BIBLIOTECAS MUNICIPAIS

O Ministério da Cultura celebrou, no dia 7, acordos de colaboração para a construção de bibliotecas municipais em Oliveira do Bairro, Nelas, Mealhada e Figueiró dos Vinhos, cujo valor deverá ascender a 630 mil contos.

A celebração dos protocolos, entre as câmaras municipais e o Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, decorreu em Soure, no âmbito do «Ministério da Cultura Aberto» às Beiras, e coincidiu com a inauguração da biblioteca municipal local.

A construção das bibliotecas insere-se no projecto de criação de uma rede nacional. Nestes quatro empreendimentos os custos da obra vão ser repartidos, em partes iguais, entre o ministério e as autarquias.

Ao intervir na sessão, o ministro da Cultura realçou que através dos acordos «mais quatro comunidades se vão enriquecer com um importante instrumento cultural».

«No cerne do desenvolvimento de um País está a afirmação da cultura», referiu, classificando de «atraso social» algumas críticas ao seu desempenho, ou a questionar investimentos em certas áreas culturais.

Para Manuel Maria Carrilho, «sem uma administração eficaz ao nível da cultura não haveria uma rede de bibliotecas» que gradualmente se vai estendendo pelo País.

«É por afirmações desta natureza que o País se mantém na cauda da Europa», afirmou, sugerindo que, sobre a administração da cultura, se olhe para outros países, outras experiências, e se evitem os erros.

João Gouveia, presidente da Câmara de Soure, fez votos para que os munícipes do seu concelho utilizem a biblioteca, rentabilizando os encargos correntes e melhorando o seu nível cultural e qualidade de vida.

Após a visita a Soure, o ministro da Cultura deslocou-se a Montemor-o-Velho, onde visitou os trabalhos em curso para a recuperação do Teatro Esther de Carvalho, um imóvel do início do século e em avançado estado de degradação. No projecto de reabilitação o Ministério já investiu 45 872 contos.

Naquele município do distrito de Coimbra, Manuel Maria Carrilho presidiu à celebração de dois acordos com a Câmara Municipal. Um deles, em forma de contrato-programa, para a transferência da gestão corrente do Castelo para a autarquia.

O segundo acordo compromete o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) a lançar a obra de construção de uma casa de chá no interior do Castelo, aproveitando as ruínas do «Paço das Infantas». A concluir até finais de 1999, deverá custar 40 mil contos.



Uma lei antes do fim da legislatura

O Ministério da Cultura tenciona colocar à discussão, até ao final deste ano, o esboço de uma lei do teatro, para entrar em vigor na actual legislatura, antes do fim de 1999, revelou, no passado dia 7, Manuel Maria Carrilho.

Em declarações à Comunicação Social, no segundo dia do Programa «Raízes» na Beiras, explicou que a proposta de diploma incorporara três componentes distintas, o teatro profissional, o amador e o universitário.

«Sem pôr em causa as obrigações para com o teatro profissional, queremos definir quais são as responsabilidades do Estado no sector», sublinhou.

Pretendendo conferir um estatuto de igual dignidade as três modalidades, é intenção enquadrar o teatro profissional, amador e universitário num único diploma, passando a haver critérios definidos para as duas últimas modalidades, que até agora ficavam um pouco dependentes da apreciação casuística das direcções regionais da cultura aos pedidos de apoio.

Manuel Maria Carrilho reuniu-se com a Associação Académica de Coimbra e grupos de teatro universitário da cidade, para os auscultar sobre o seu propósito de criar um novo plano de apoio.

O ministro prometeu que haverá uma política para o teatro universitário, delineada com os seus responsáveis e pensada numa perspectiva de «aumento qualitativo».

Disponibilizou um apoio de 4 500 contos para as comemorações dos 60 anos do CITAC (Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra) e 2 500 contos para a realização do «Actos», um Encontro Nacional de Teatro Universitário, a decorrer a 16 e 17 na cidade.

Cláudia Carvalho, organizadora do encontro e ligada ao TEUC (Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra), referiu que um dos objectivos é definir qual deverá ser o estatuto do teatro universitário.

Em conversa com os jornalistas no final do encontro, a estudante lamentou que o teatro universitário não disponha de enquadramento legal, vivendo-se numa situação de vazio, por não poder ser visto a luz da modalidade de amador.

Manuel Maria Carrilho disse que o seu ministério estará atento às conclusões do encontro de Coimbra e um membro do IPAE (Instituto Português das Artes do Espectáculo) acompanhará os dois dias de trabalhos.



Património sim, mas não só...

O ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, afirmou na passada quinta-feira, dia 7, em Coimbra, que não enveredará por uma política cultural de «pedras», limitada ao património, como alguns dos seus críticos preconizam.

«Não nos escondemos atrás da política do património», declarou Carrilho, na sessão de entrega da medalha de mérito cultural a Albano da Silva Pereira, pelo trabalho desenvolvido enquanto director dos Encontros de Fotografia de Coimbra.

Em oposição aos que pretendem uma «política de pedras», disse que aposta em causas como a descentralização, a internacionalização ou a leitura.

Ao destacar a orientação da sua política para a descentralização cultural, Manuel Maria Carrilho referiu que, porventura, mais importante seja ainda apostar em novos centros culturais, tal como vê os Encontros para a área da fotografia em Coimbra.

«O mais importante resultado talvez seja apostar em centros de qualidade, de ousadia, apostar no seu enraizamento e expansão», sublinhou.

Durante a visita de quinta-feira a Coimbra Carrilho lamentou que os Encontros de Fotografia não dispusessem de instalações para dinamizar iniciativas todo o ano, mas na homenagem prometeu empenhar-se na criação do polo de artes que a Câmara lhe apresentara.

«Tudo farei, com outros organismos e outros ministérios, para levar por diante esse projecto», a ideia de fazer regressar ao Pátio da Inquisição as artes numa dimensão contemporânea, num sitio onde há séculos funcionou um colégio das artes.

O projecto de recuperação dos edifícios do Pátio da Inquisição, orçado em 900 mil contos, foi apresentado pela câmara ao ministro, na expectativa de este vir a conceder apoio para a sua concretização.

No Pátio da Inquisição já se encontram instalados provisoriamente uma galeria dos Encontros de Fotografia, a companhia teatral Escola da Noite e a associação de intercâmbio com os países de expressão portuguesa «Cena Lusófona».

Além da recuperação desse edifícios degradados, a câmara tenciona criar as condições para aquelas três instituições poderem reforçar o seu papel de intervenção cultural na cidade.





POEMA DA SEMANA
Selecção de Carlos Carranca
 

Sou o único homem a bordo do meu barco.

Os outros são monstros que não falam,

Tigres e ursos que amarrei aos remos,

E o meu desprezo reina sobre o mar.

Gosto de uivar no vento com os mastros

E de me abrir na brisa com as velas,

E há momentos que são quase esquecimento

Numa doçura imensa de regresso.

A minha pátria é onde o vento passa,

A minha amada é onde os roseirais dão flor,

O meu desejo é o rastro que ficou das aves,

E nunca acordo deste sonho e nunca durmo.



Sophia de Mello Breyner Andresen