LIBERDADE DE EXPRESSÃO 




UM CARTÃO VERDE PARA A ESTABILIDADE

MANUEL DOS SANTOS

As eleições autárquicas reforçaram inequivocamente o Governo e, nomeadamente, a estratégia do Primeiro-Ministro António Guterres.

Ao obter o maior número de câmaras, o maior número de mandatos de votos e maior número de juntas de freguesia, o PS cumpriu todos os seus objectivos.

E é normal que assim tenha sido, sobretudo se avaliarmos a escolha do eleitorado à luz de duas apreciações distintas: a da actividade do Governo e a da competência da maioria dos projectos de gestão autárquica socialista.

É também por isso que os resultados não apresentam total homogeneidade e acabaram claramente por premiar ou penalizar quem o merece e na exacta proporção do merecimento.

Mas a ilação principal é de carácter geral!

Os portugueses querem o PS a governar, com estabilidade e durante toda a legislatura, sem arrogâncias excessivas ou permissividades escusadas.

Segundo o actual modelo e o actual equilíbrio de forças (maioria forte mas simples).

É agora possível levar esta experiência de governação, inédita na história política portuguesa, até ao fim.

O cartão verde para a estabilidade foi apresentado pelos eleitores a todos os partidos políticos.

Mas o eleitorado foi mais longe e deixou alguns recados:

Ao PP o recado de que o populismo barato e a demagogia sem freio já não colhem votos nem mobilizam vontades. Há que arrepiar caminho enquanto há tempo e idade.

Ao PCP o recado de que a tradição já não é o que era; afinal o muro de Berlim sempre caiu e o principal inimigo da esquerda não pode ser, uma certa esquerda que o PCP quer representar.

Ao PSD o recado de que é preciso uma opção clara, responsável e defensora da estabilidade, que até pode ser o actual partido liberal se o seu líder, finalmente, ganhar juízo.

Ao PS o recado de que tudo depende de nós. Até agora tudo bem! Mas o eleitorado está atento e vigilante e não deixará de penalizar deslumbramentos e omissões.

Assim todos possam compreender os recados.

Boas-Festas e até para o Ano.