EDITORIAL



BENGALA BRANCA

O Dia Mundial da Bengala Branca foi ontem. Em Portugal, a Associação dos Cegos e Amblíopes (Acapo) aproveitou, mais este dia, para uma campanha de sensibilização junto dos que vêem para os problemas dos que não vêem. Em Portugal são pelo menos oito mil, muitas das vezes discriminados por preconceitos.

A Bengala Branca é o símbolo que representa o dia que começou a ser celebrado em 1980, por iniciativa do Conselho Mundial para a Promoção Social dos Cegos.

Ser cego não é, certamente, nada fácil nem agradável, mas cabe-nos a nós que vemos, tentar não dificultar, ainda mais, a vida desses cidadãos. O problema tem alguma pertinência, numa altura em que a temperatura das eleições autárquicas começa a subir.

Falar-vos das inúmeras barreiras arquitectónicas, das obras mal sinalizadas, das cabinas telefónicas de «orelhas», espalhadas, recentemente, pelo País, dos carros estacionados em cima dos passeios, da falta de sinalização sonora na maioria dos semáforos, dos buracos nos passeios, das estações de metro e comboio sem sinalização de «fim-de-plataforma», das desvantagens no acesso à informação - apenas existem bibliotecas em «braille» e sonoras em Lisboa, Porto e Coimbra -, do desemprego, da dificuldade de acesso ao ensino superior, da insegurança e de tudo quanto a um cidadão normal parece óbvio, é apenas uma gota de água na vida, de permanente aventura, destes cidadãos que têm os mesmos direitos que os outros.

Não se trata de praticar a caridadezinha, mas sim de fazer um apelo aos nossos e a todos os autarcas eleitos, no próximo dia 14 de Dezembro, para que nos seus municípios procurem não dificultar mais a vida a estes cidadãos.

Afinal, a solidariedade também passa por aqui.

A REDACÇÃO