EDUCAÇÃO

 
 

Ano lectivo 1997/98

REGRESSO ÀS AULAS
COM TRANQUILIDADE E NORMALIDADE...

Não será difícil para o comum dos cidadãos perceber que o ano lectivo 1997/98 começou em peso. Bastará ter atenção ao aumento do volume de trânsito ou às vozes em falsete que povoam os transportes públicos, desde muito cedo, ou ainda às carinhas que acalentam o sono interrompido num curto passeio de transporte escolar e... é isso mesmo: só pode ser o regresso às aulas...

O ministro da Educação, Marçal Grilo, acompanhado pela sua equipa ministerial, deslocou-se, no dia 15, a Vila Nova de Gaia, para inaugurar a Escola Básica do 2º e 3º Ciclos de Avintes e, ao mesmo tempo, assinalar o pontapé de saída do novo ano curricular, que para os casos pontuais de algumas escolas foi dado uma semana depois, no dia 22.

A cerimónia oficial de Avintes foi o primeiro momento de um programa de visitas a estabelecimentos de ensino dos concelho de Santo Tirso, Amarante, Régua, Mirandela e Gondomar, que incluiu reuniões de trabalho entre os respectivos corpos docentes e o ministro da Educação, o secretário de Estado da Administração Educativa, Guilherme d'Oliveira Martins, a secretária de Estado da Educação e Inovação, Ana Benavente.

Ao que tudo indica e segundo informações actuais do Ministério da Educação (ME) recolhidas no terreno, o ano escolar 1997/98 brilhou pelo seu início sereno e tranquilo.

Foi possível verificar, pela primeira vez em muitos anos, que as actividades lectivas começaram dentro dos prazos previsto em todas as escolas, incluindo os 77 novos estabelecimento de ensino que entraram em funcionamento este ano.

No que se refere ao 1º Ciclo, a sua partida a cem por cento ficou a dever-se à antecipação de colocação dos professores, acompanhado, de muito perto, pelas três Direcções Regionais de Educação.

Nas três regiões de Educação (Algarve, Centro e Norte) foram detectadas apenas quatro situações pontuais de atraso na abertura do período escolar, devido a problemas relacionados com obras, que se encontram adequadamente controlados. Foram os casos das escolas básicas de São Vicente da Beira (Castelo Branco), Cruz de Pau (Matosinhos), Miragaia (Porto) e a Escola Secundária nº 2 de Penafiel.

A BANDEIRA DO PRÉ-ESCOLAR

Mas, a deslocação da equipa do Ministério da 5 de Outubro ao Norte não se ficou pela inauguração da nova «época» lectiva. O ministro da Educação, em conferência de Imprensa reafirmou algumas iniciativas tomadas no sentido de transformar o ensino português num processo de formação com qualidade e cada vez mais autónomo.

As escolas preparam-se para o novo modelo de gestão que vigorará a partir do ano lectivo de 1998/99, com os contratos de autonomia, passando por uma fase de transição em que lhes é permitido associarem-se em agrupamentos. Entretanto, Marçal Grilo recordou medidas que se prendem com uma mudança significativa no campo curricular. É que está já em curso a revisão curricular e a flexibilização da gestão de «curricula». Mas, as reformas não se ficam por aí. No ano lectivo de 1997/98 serão lançados documentos orientadores dos ensinos básico e secundário e será dada prioridade a uma tríade de disciplinas fundamentais - Matemática, História e Português. No sentido de melhorar a «performance» da docência nestas três áreas de saber prioritárias o ME promoverá formação científica para os professores da especialidade, bem como para comissões, grupos de estudo e projectos de inovação. Para já, a aposta franca do Ministério da 5 de Outubro continua a mesma.

O pré-escolar, conforme anunciado, será o principal alvo das atenções do ministro e dos secretários de Estado.

Lembremos que o pré-escolar foi o nível de ensino que sofreu, por enquanto ainda na teoria, profundas alterações, sendo o ano lectivo recentemente iniciado a prova dos nove para as medidas tomadas.

Passando agora aos números, 1997/98 anuncia-se prometedor com o pré-escolar a distinguir-se como o grau com maior extensão. Das 186 crianças com idades compreendidas entre os três e os cinco anos que frequentaram os jardins-de-infância, o número previsto para este ano lectivo sobe para 195 mil.

Por seu turno, os 1º e 2º ciclos de ensino básico apresentaram um ligeiro decréscimo em relação ao ano anterior, ao passo que no 3º ciclo é esperado um aumento na ordem dos 62 mil alunos, perfazendo um total de 465 mil matrículas em 97/97 contra 272 mil em 96/97.

Uma ligeira diminuição também foi a alteração verificada no nível secundário de ensino. Os inscritos passaram de 427 mil alunos para 425 mil. Mas, é no ensino superior público onde a diferença positiva se torna mais abissal.

MAIS ALUNOS NO SUPERIOR

Este ano, qualquer coisa como 35 mil candidatos às universidades, de um universo de cerca de 55 mil, ficaram colocados na primeira fase de selecção ao nível nacional, rondando uma percentagem na ordem de 68 por cento de colocações. a percentagem de acessos concedidos é a mais alta dos últimos tempos.

Dos 19 mil alunos que não obtiveram lugar em nenhum estabelecimento público de ensino superior, quase 2 800 foram automaticamente excluídos por não reunirem as condições necessárias para a candidatura.

Quanto aos restantes 16 mil, ficam às espera de se colocados nas 4 383 vagas que estão por preencher, num recurso à segunda fase de concurso que decorrerá entre os dias 1 e 8 de Outubro.

De referir que a nota mínima de acesso ao ensino superior se manteve a mesma do ano passado, para o mesmo nível de ensino público, porém o percentil (comparação entre as médias dos candidatos aceites) registou uma variação positiva, indicador significativo da aposta rigorosa na qualidade que desde sempre foi defendida pelo ME na sua política educativa.

O DRAMA DE ENTRAR OU NÃO ENTRAR

O que nunca muda é o ritual do dia da afixação dos resultados do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior.

As listas de colocações para este ano foram exibidas desde dedo, na Segunda-feira, dia 15, nos Centros de Área Educativa de Todo o País. Insones, os candidatos já as aguardavam, formando longas listas de espera para as consultarem e saber se foi desta ou se fica para a próxima.

Os mais impacientes e tecnologicamente mais favorecidos foram à procura das notas dos últimos colocados em cada par estabelecimento/curso, às zero horas do «fatídico dia», no endereço http:/www.desup.min-edu.pt da Internet.

Com sorrisos a rasgar o rosto ou com lágrimas a deslizar sobre ele, os 54 950 candidatos ficaram a par de um aumento de 7,8 por cento do número de colocados na primeira fase de acesso.

Destaque-se que este ano os alunos admitidos registaram notas superiores aos candidatos colocados no ano lectivo transacto, isto apesar de muitos alunos continuarem a entrar nos estabelecimento públicos de ensino superior com notas negativas, abaixo do valor afixado como mínimo para candidatura de 9,5 valores. Acessos deste género foram feitos, via politécnicos.

Num ano pautado por um aumento do número de alunos que conseguiram entrar no curso escolhido em primeiro lugar, verificou-se que mais de 52 por cento dos candidatos foram colocados na sua primeira opção, 17,4 por cento na segunda escolha, 10,8 por cento na quarta, oito por cento na quinta e apenas 5,2 por cento na sexta e última hipótese de acesso.

O que também parece resistir à mudança que o tempo impõe são os cursos ditos «difíceis» que encontram o seu exemplar mais puro no campo das engenharias onde a Física e a Matemática são disciplinas específicas, pelo que os candidatos apresentam, regularmente, as notas mais baixas. Quanto às tradicionais Medicina, Medicina Dentária e Arquitectura, continuam a ser as carreiras com as médias de acesso mais elevadas: nada mais e nada menos do que 18 valores!

Por fim, passadas as segunda e terceira fases do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, a ansiedade levada ao extremo terá sido ultrapassada, por enquanto...

Os próximos três, quatro, cinco ou mais anos de estudos superiores reservam aos «caloiros» umas quantas provas de fogo, a começar já no primeiro ano, com a tradicional «praxe», um ritual que faz as delícias dos «veteranos», com os exames e os trabalhos a chamar os nervos à flor da pele.

Todavia, o momento vivido na manhã da Segunda-feira, dia 15, quando ler-se «colocado» significava tudo, sendo apenas o princípio é também e sobretudo como que o primeiro dia do resto daquelas vidas.

(MJR)