CULTURAS E DESPORTOS



DESTAQUE
A FEIRA DA ARTE JÁ ESTÁ EM MARCHA!

Localizado no Parque de São Roque, no Porto, este evento, organizado para participarem todas as pessoas ou grupos, independentemente da idade, nacionalidade ou formação académica, encherá as vistas de todos aqueles que o visitem ou que decidam dar a conhecer os seus trabalhos.

Para além da animação que estará sempre presente no Parque, a Feira promoverá realizações artísticas, das 8 às 20 horas, até ao dia 28 de Setembro.

(MARIA JOÃO RODRIGUES)

MANUEL ALEGRE LANÇOU «CONTRA A CORRENTE»

«É preciso reinventar a política, reinventar a esquerda à escala europeia e penso que, de certo modo, é preciso refundar a democracia». Com esta frase Manuel Alegre justificou o convite para a apresentação do seu último livro, «Contra a Corrente», a Mário Soares «um fundador» e a Sérgio Sousa Pinto que «já é um dos refundadores».

«Contra a Corrente» foi lançado na passada quinta-feira na presença do primeiro-ministro, António Guterres, do Presidente da Assembleia da República, Almeida Santos, e de inúmeros amigos e companheiros do autor. Jorge Sampaio, ausente devido a compromissos anteriormente aceites, não quis, no entanto, deixar de enviar uma «saudação afectuosa».

Para Sérgio Sousa Pinto a publicação deste livro «constitui um acto afirmativo da esquerda, uma ofensiva ideológica contra aqueles que, mesmo portas adentro, se têm deixado colonizar pelo pensamento único», por isso considera que «Contra a Corrente» é um «livro sobre valores, ideias e interrogações», sobre a «memória da esquerda, a portuguesa e a universal». Na apresentação do livro, Sérgio Sousa Pinto refere ainda que a sua publicação «é uma verdadeira ofensiva no deserto ideológico em que vivemos e uma leitura de referência na aproximação ao ideário aberto do socialismo democrático», trata-se do «testemunho de uma caminhada individual e colectiva pelos valores da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade».

Mário Soares, igualmente convidado de Manuel Alegre para apresentar este livro, definiu-o como «o percurso de um resistente que começou em Coimbra em luta contra os velhos hábitos de uma Universidade retrógrada, e mais tarde em África, onde aprofunda a sua luta contra a ditadura e onde percebe que essa luta se estende também ao colonialismo».

«Os textos deste livro são variados, muito ricos e aprofundam uma reflexão sobre o socialismo e sobre o que é a esquerda hoje e o que será sobretudo no futuro» refere Mário Soares acrescentando que «socialismo é acima de tudo liberdade e depois igualdade e fraternidade».

Para Mário Soares, Manuel Alegre é «um homem atento e além de ser um poeta e um escritor é também um ideólogo, é um homem que reflecte sobre a política e sobre a orientação política em concreto, é um homem de convicções profundas e de princípios e que muitas vezes soube dizer não, sem medo, com coragem, com verticalidade e com frontalidade».

(José Manuel Viegas)

SUGESTÃO DA SEMANA

Os apreciadores de espectáculos musicais ao vivo estarão todos a caminho do Porto no sábado, dia 24. É que neste dia realizar-se-á o festival de rock «Outros Rituais».

Três bandas subirão ao palco do Cinema do Terço.

Os Turbojunkie, de Vila do Conde, vão apresentar o seu novo trabalho intitulado «Used».

De Leiria chegarão os Silence 4, que foram os vencedores da última edição do «Termómetro Unplugged».

E «last but not the least», os Boris Ex Machina, de Lisboa, apresentarão, pela primeira vez na cidade «Invicta» o álbum «Tango Infernal».

Mas como não só de música vivem os amantes do espectáculo, para além desta haverá outras formas de expressão artística como a exposição de pintura de Jorge Marques designada «Sons e Tons», e uma instalação vídeo de Nuno Vieira, baseada em «Situações Cósmicas».

Durante a noite de «Outros Rituais», vai ser dado a conhecer o número 10 da revista «Ritual» e o terceiro volume disco compacto que faz a compilação dos trabalhos do Ritual Rock.

Estará disponível para venda material discográfico de algumas editoras independentes.

As entradas terão o preço simbólico de 250 escudos e poderão ser adquiridas no Cinema do Terço.

«Outros Rituais» é uma produção da Culturporto, com o patrocínio da Câmara Municipal do Porto, apoio do Instituto Português da Juventude e organização do Grupo Juvenil de Comunicação Social (revista «Ritual»). Indispensável para os apreciadores deste género musical.

(Maria João Rodrigues)

QUE SE PASSA

PUBLICAÇÃO EM COIMBRA

Amanhã, às 18 horas, assista ao lançamento do livro de Maria do Bom Sucesso Medeiros Franco, «O Teatro Popular em S. Miguel». A apresentação estará a cargo de José de Oliveira Barata.

Também amanhã, sexta-feira, e no domingo, dia 24, a música pop rock ecoará no Café-Galeria Almedina, às 23 horas.

Se quiser ver a exposição documental comemorativa das eleições para a Assembleia Constituinte de 1975, «O Voto - Uma Arma do Povo», corra até à Galeria das Doações, da Casa Municipal da Cultura, pois ela terminará este domingo, dia 25.

O domingo também foi o dia escolhido para o encerramento da exposição fotográfica e documental sobre os 25 anos de actividade do Choral Poliphonico de Coimbra, que se encontra patente ao público no Átrio Superior da Casa Municipal da Cultura. Uma oportunidade que os apreciadores não deverão deixar passar.

RECITAL EM GUIMARÃES

Hoje, das 10 e 30 às 14 e 30, os mais pequeninos vão poder divertir-se à brava com o espectáculo que Beto Hinça e Manoel Kobachuk prepararam para eles, a decorrer no Ginásio do Lar de Santa Estefânia.

Ainda hoje, às 21 e 30, poderá assistir à exibição do filme «Ondas de Paixão», de Lars von Trier, no Auditório da Universidade do Minho.

Para amanhã a estreia cinematográfica será no Cinema São Mamede, com a fita «Poder Absoluto», que permanecerá em projecção até ao dia 29.

Artur Pizarro deliciará certamente a assistência com o seu recital de piano que se realizará, nos Paços dos Duques de Bragança, pelas 22 horas.

«Sexualidade no século XIX» é o tema a que se subordinará a conferência proferida na terça-feira, dia 27, por Júlio Machado Vaz, na Universidade do Minho.

RITMOS QUENTES EM LISBOA

A partir de hoje e até ao dia 31, o estilo puro da dança nascida na Argentina e no Uruguai cativará a assistência do espectáculo «Tango Pasion» que se realizará no palco do Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, às 22 horas.

A exposição de pintura naïve de Fernanda Azevedo poderá ser visitada até ao dia 31 deste mês, das 10 e 30 às 13 horas e das 15 às 19 horas, na Galeria São Francisco.

Amanhã e no sábado, dia 24, às 19 horas e às 21 e 30, ou no domingo, dia 25, terá oportunidade de assistir à exibição de longas e curtas-metragens, fruto do cinema espanhol actual, no Grande Auditório da Culturgest.

Os realizadores contemplados com este ciclo cinematográfico são Icíar Ballaín, Antonio Artero, Mário Acmus, Julián Marcos, Chus Gutiérrez e Montxo Armendáriz.

Amanhã, sexta-feira, é também dia de ir às salas de cinema lisboetas para assistir às estreias que desta vez se ficam pela fita de Raul Ruiz, «Généaligies d'un Crime».

No domingo, dia 25, a partir das 16 horas, os ritmos quentes do continente africano invadirão a Praça do Museu, durante aproximadamente três horas, num espectáculo inesquecível, intitulado «África ao Vivo no CCB», em que se exibirão os melhores grupos tradicionais dos diferentes países africanos lusófonos, residentes em Portugal. Um verdadeiro «show» recheado de cores fortes, ritmos intensos e alegria.

EXPOSIÇÃO EM OVAR

A exposição itinerante que leva pelo concelho amostras de «Ovar Cidade Florida» chegará, no dia 26, à Escola Básica 2+3 de Ovar e ficará até ao primeiro dia do mês de Junho.

SEMINÁRIO EM PORTIMÃO

«Educação para o Século XXI» é o tema que Veiga Simão, Isabel Renaud, Michel Renaud e Ana Benavente debaterão amanhã. Informe-se sobre o local e a hora junto da Câmara Municipal. 

PINTURA E DESENHO EM SETÚBAL

A Casa do Corpo Santo, Museu do Barroco, terá patente ao público os trabalhos de Manuel Vilarinho, pintor, às terças, quartas e sábados, das 8 e 30 às 12 horas e das 14 às 18 horas, e às quintas e sextas as mostras encerrarão uma hora mais cedo, na parte da tarde.

A Galeria Municipal de Artes Visuais da Casa do Bocage albergará as obras de Manuel Vilarinho, pintor, de segundas a sextas-feiras, das 9 às 12 horas e das 14 às 17 e 30, e aos sábados, das 15 às 20 horas.

Ambas as mostras esperarão pela sua visita até ao dia 28 de Junho.

TEATRO EM SINTRA

Amanhã, Luís Dias e os atletas José Urbano e Susana Feitor participarão no debate intitulado «A marcha e o jovem», que terá início às 21 horas, na Associação Desportiva de Cultura e Recreio da Juventude Operária de Monte Abraão.

«Azul sem margem» é o título da exposição de pintura de Vítor Pi, que estará patente ao público, a partir de amanhã e até ao dia 29 de Junho, na Galeria Municipal de Fitares.

No sábado, dia 24, pelas 16 horas, o Auditório nº 2 da Igreja Paroquial de Rio de Mouro será o palco para o grupo de teatro jovem Cena Aberta apresentar a peça «Epimeteu ou o Homem que Pensava Depois», de Jorge de Sena.

No mesmo dia, às 21 e 30, o grupo cénico, Os Amigos do Teatro interpretam «O Tartufo», uma comédia de Molière, na Sede da União Desportiva e Recreativa Sabuguense, no Sabugo.

Também no sábado, a Galeria Municipal de Rio de Mouro abrirá as suas portas a todos os apreciadores de fotografia que desejem apreciar a mostra dos trabalhos de Celeste Craveiro. A exposição espera por si até ao dia 29 de Junho.

PINTURA EM TOMAR

A exposição colectiva dos pintores Abílio Cristóvão, António Tamagnini e Silva Cardoso está patente ao público, até ao domingo, dia 25, no r/c do Espaço d'Arte e Cultura, Casa Vieira Guimarães.

OBSERVATÓRIO
MÍNGUA LARANJA
Durante uma década de governação laranja, o financiamento do sector da Cultura em Portugal foi marcado por «irregularidades nos financiamentos do Estado», e por «uma política casuística, feita pontualmente, não uma política a prazo».

As afirmações são de Maria de Lourdes Lima dos Santos, a socióloga que dirigiu a equipa de estudiosos do Observatório das Actividades Culturais (OAC) na análise que levaram a cabo com vista à elaboração de um balanço das políticas culturais nacionais, entre 1985 e 1995.

O documento foi apresentado, no dia 14, no Centro Cultural de Belém, no decurso de uma mesa-redonda que contou com a presença de Manuel Maria Carrilho, ministro da Cultura.

Orçamentos quase sempre de miséria caracterizaram a gestão do sector cultural do País na época do cavaquismo.

Apenas no período que vai de 1990 a 1992 foi possível verificar um reforço dos financiamentos à Secretaria de Estado da Cultura (SEC) devido à presença de Portugal na Europália (1991) e em Sevilha (Expo'92).

Mais dois anos foram precisos, juntamente com a concepção do projecto Lisboa Capital Europeia da Cultura para que o Executivo laranja desse mais apoio às iniciativas culturais.

Segundo o relatório apresentado pelo OAC, mais de 1,5 milhões de contos foram gastos em 1991 com a gestão do sector da Cultura, cifra que duplicou em 1995 no que diz respeito aos gastos públicos com o património. Neste âmbito, as artes cénicas (teatro) foram apetrechadas com meios há muito necessários, a partir de 1993, precisamente a altura que, segundo as estatísticas, registava a queda do número de espectadores que assistiam a este tipo de representações.

Estudos feitos sobre os programas dos governos PSD por áreas de actividade cultural evidenciaram que as mais contempladas visam o património cultural, depois a leitura, confinando para um segundo plano a dança, as artes plásticas, as artes dramáticas, o cinema e o audiovisual.

A análise dos programas mostrou um discurso padronizado e generalista, concebido para deixar uma grande margem de manobra aos «gestores» da «coisa cultural», por forma a nem sempre fazer o que se diz.

Para o sector musical as notas soaram mais alto para as orquestras, pois foram estas que mais recursos financeiros conseguiram mobilizar.

A substituição da Orquestra da RDP pela Régie Sinfonia tornou possível a criação de um ponto alto de investimentos em cultura musical, em 1988.

Quanto ao sector impresso, isto é dos livros e das publicações, 1995 foi o ano das vendas, com a entrada na cena da concorrência das grandes superfícies como livrarias improvisadas e opcionais.

Os investimentos no teatro foram marcados pela negligenciação do Algarve, em benefício de uma concentração de apoios financeiros para o Alentejo e, sobretudo para a região de Lisboa e Vale do Tejo.

Em termos de meios financeiros investidos na Sétima Arte houve crescimento com opções feitas no sentido de privilegiar a quantidade em detrimento da qualidade, a julgar pela preferência a projectos de custos muito reduzidos.

O aumento dos investimentos estatais coincidiu com o abandono, nos primeiros anos da década de 90, da exibição comercial como principal fonte de financiamento do cinema, através de um imposto adicional sobre as receitas de bilheteira, e a sua substituição pela taxa de quatro por cento da publicidade da televisão.

Assim se tornam explícitas as carências experimentadas na divulgação da produção cinematográfica, especialmente a nacional.

Contrariamente ao que acontece com a máquina de Hollywood, o cinema português fez as suas tímidas apostas na produção sem se empenhar na exibição do produto fílmico e/ou na divulgação e promoção do mesmo.

Disso dá conta a revista «OBS», uma publicação que estará nas bancas de três em três meses, e que foi lançada na semana passada, no CCB.

Segundo a «OBS», as contínuas alterações ao quadro legal que regula os apoios à actividade cinematográfica espelha-se nas «dificuldades» sentidas na concretização e implementação de uma «intervenção regular» nesta área.

Em Outubro divulgar-se-ão os resultados de estudos realizados sobre as artes plásticas, a dança, a rádio, a televisão, património e grandes eventos.

Já para Junho, especialistas do Concelho da Europa chegarão ao nosso país para desenvolver a sua própria pesquisa em torno das políticas culturais nacionais.

Os resultados deste estudo referente a Portugal poderá ser comparado com os europeus em 1998, altura pela qual será divulgado o relatório global sobre as políticas culturais dos dez países que aderiram ao programa cultural da Europa.

(Maria João Rodrigues)