INTERNACIONAL


Tony Blair apresenta manifesto

VIRAGEM AO CENTRO

O líder do Partido Trabalhista, Tony Blair, que todas as sondagens indicam como futuro inquilino do nº10 de Downing Street, apresentou no dia 3 o manifesto do seu partido que elege a educação como a prioridade número um.

Trata-se de um contrato-programa com os cidadãos britânicos, que representa um corte com a velha simbologia do Labour e suficientemente moderado e inovador para cativar a confiança do eleitorado centrista. Vencer as eleições do próximo 1 de Maio pondo termo a duas décadas de governos conservadores é o grande objectivo cada vez mais ao alcance deste novo Labour.

«Este manifesto não promete a Terra, não prometemos uma revolução de um dia para o outro», sublinhou Tony Blair, acrescentando que «não há soluções mágicas».

Salientando que só promete o que pode cumprir, exortou os eleitores a penalizar o Labour se daqui a cinco anos se provar que não cumpriu. Uma indirecta aos conservadores, tendo Tony Blair aproveitado para lembrar os mais distraídos que os «tories» não cumpriram as 92 promessas que fizeram em 1992.

A paixão pela educação

Apaixonado pela educação e pelas novas tecnologias, prometeu investimentos maciços de forma melhorar a qualidade de ensino, sem qualquer custo para o contribuinte, e garantiu ainda ligar cada escola à «auto-estrada da informação».

O objectivo, frisou, é apostar na educação para corrigir desigualdades e travar o declínio da Grã-Bretanha, tornando-a numa potência líder na União Europeia.

Os trabalhistas pretendem também introduzir profundas alterações na Constituição. A realização em Setembro de um referendo para a criação de um Parlamento na Escócia, e meses mais tarde, outro referendo, desta vez para a criação de uma Assembleia no País de Gales, bem como a abolição do direito de veto aos pares hereditários da Câmara dos Lordes são algumas medidas que os trabalhistas querem ver consagradas com vista à renovação democrática.

Recados à ala esquerda

Na sua intervenção, Tony Blair não deixou de lançar também alguns recados para o interior do partido, nomeadamente para os sectores mais à esquerda, ao afirmar que «esta é uma oportunidade histórica para o Labour se tornar num partido moderno, de centro-esquerda, que não está ligado a pequenos grupos de interesses. Se desperdiçarmos esta oportunidade, o partido perdeu o seu lugar na história».

(J. C. Castelo Branco)

ALGUMAS MEDIDAS DO MANIFESTO